quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O amistoso do amor

Eu nunca fui muito chegada  em  futebol. Como toda brasileira, adoro torcer  para o Brasil na copa do mundo, compro camiseta e tudo mais. Mas ir a um estádio de futebol  para assistir um jogo, nunca. Considerando que estamos nesta vida para renovar nossos conceitos, como já dizia o velho Raul: “ Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante”, me transformei em Corintiana depois que casei com um ser humano alucinado, fanático e  enlouquecido pelo timão. 

Num domingo, com cara de chuva, após alguma insistência, decidi acompanhar meu marido no amistoso entre Corinthians e Flamengo. Detalhe:  levamos o filho caçula de cinco anos para  a aventura. Logo de cara, foram quase 40 minutos para chegar ao estádio.  Aproveitei a demora se sugeri a  compra de uma capa de chuva, pois já começava a pingar. Meio contrariado, o marido respondeu:
-Não vai chover não. Deus não vai deixar,. Respondeu.

 De cara fiquei impressionada com tamanha fé vindo de uma pessoa que raramente  demonstrava sua espiritualidade. Mesmo assim, decidi  pela compra da tal capa de chuva.  Logo na entrada do estádio nos deparamos com uma multidão ansiosa para entrar, pois os times já estavam no gramado ao som do enredo: "Aqui tem um bando de louco.....”. Em meio ao empurra em empurra, ele colocou  o menino no cangote, segurou firme minha mão e fomos nos embrenhando no meio do povo, até alcançarmos a roleta de entrada. Ufa.

Dentro do estádio, novos desafios foram surgindo. Todos os espaços estavam ocupados. Fomos nos embrenhando nas arquibancadas até encontrar um lugar para assistir o jogo. No começo achei que parecia mais uma pelada. “ Melhor assistir na televisão”, pensei. Com o passar do tempo fui observando melhor o drible dos craques,como  Ronadinho Gaucho, Liedson , Alex Silva e outros. De repente, num piscar de olhos surge o primeiro gol. A torcida vai ao delírio. Um beijo na boca e a emoção tomou conta do meu ser. "Ô, ôôôôôô, Corinthians", gritei continuadamente.

Esta loucura se repetiu mais uma vez no primeiro tempo, quando ocorreu o segundo gol. Mais um beijo. Era hora de provocar o adversário cantando a uma só voz: Timinho....Timinho....Neste momento a torcida organizada levantou uma bandeira gigante com os dizeres: "Pavilhão Nove esta aqui." Isso em meio ao foguetório que fazia uma fumaça infernal que tomou conta do estádio.

Pausa para o segundo tempo e fila para comprar água. O sol queimava nossas costas . Meu filho parecia um pimentão. Os times foram trocados  no segundo tempo.De repente, o Flamengo faz um gol e torcida rubro-negra enloqueceu. A provocação dos dois times acelera e um alambrado vai abaixo. A tropa de choque da policia entra rapidamente e reprime os torcedores. Que medo!

Daqui a pouco mais um gol do Flamengo . Tudo de novo. Minha torcida nesta hora era para que o jogo acabasse logo. Afinal,  um empate não era tão ruim para um amistoso. De volta pra casa, o filho perguntou:
 - Pai o que eu faço com essa capa de chuva.
-  Dá pra mamãe guardar para o próximo jogo. Respondeu o meu marido aos risos.

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