quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Que sobrenome é este?


Tudo caminhava bem naquela sexta-feira de outono. Marta, uma advogada de 26 anos estava feliz, pois sua filha Elizabeth, de 10 anos, finalmente seria reconhecida pelo pai. O despacho do juiz era claro: a menina teria o direito a pensão até os 18 anos de idade e ao sobrenome do dito cujo.

A verdade é que a maioria das histórias de reconhecimento de paternidade causa constrangimento. E quando se exige o tal do DNA. Meu Deus! Imagina, você ter de provar de quem é o filho que esta na sua barriga. Marta sabia quem era o pai de Elizabeth. Ela até que ficou com algumas dúvidas no começo da gravidez. Fez as continhas dos dias férteis na ponta dos dedos, desabafou com o ginecologista. Mas no fundo ela sabia quem era o pai da criança.

Enfim chegara o grande dia. Acordou a filha bem cedinho e foram a caminho do fórum da cidade, mais precisamente até 5ª Vara da Família para fazer o novo registro da menina. Ao se aproximar do balcão, foi prontamente atendida por um estagiário que leu atentamente o documento expedido pelo juiz e disse.

- Preciso dos documentos da criança.

- Estão aqui. Disse a mãe após entregar a certidão de nascimento da garota.
- Bem, o nome dela é Elizabeth Cardoso. Com o sobrenome do pai, ficará Elizabeth Cardoso Pinto Silva! Exclamou o jovem.

- Por favor moço, você pode tirar o Pinto. Falou a mãe.

- Não posso tirar o Pinto senhora, é o sobrenome do pai. Disse o estagiário.

- Ela não quer o Pinto, gostaria que tirasse. Deixa só o Silva. Insistiu a mãe.
-Espera um momento senhora. Vou ver com o juiz se posso tirar ou não. Respondeu o jovem se retirando para uma outra sala ao lado. Minutos de depois ele chega com a noticia:

- Tudo bem senhora, o juiz me autorizou a tirar o Pinto. O nome de sua filha será Elizabeth Cardoso da Silva.

As duas de abraçaram e saíram felizes da vida. Quinze anos depois a jovem Elizabeth se casaria com um professor de educação física. O nome do rapaz: Rodrigo Pinto Silva. Como ela já tinha um dos sobrenomes do futuro esposo, o juiz achou por bem acrescentar apenas o segundo nome do rapaz.

sábado, 11 de abril de 2009

A professora, o alemão e o tesouro do banheiro


A aventura de sair pelo mundo em busca de emprego pode causar situações inusitadas como ocorreu com a jovem Marisa que foi lecionar para índios no meio da floresta.


Marisa tinha 18 anos, quando terminou o curso de magistério numa pequena cidade no norte do Paraná. Enfim, chegara à hora dela realizar o sonho de ser professora. Procurou emprego por um tempo na cidade e como não encontrou nada, resolveu dar uma olhada no jornal quando se deparou com o seguinte anuncio:

- Temos vagas para professora numa fazenda próxima a cidade Itaporanga no interior do Mato Grosso do Sul.

No mesmo dia, fez os contatos necessários e uma semana depois, lá foi ela. Pegou o ônibus cedinho até Londrina. Em seguida embarcou para Campo Grande. Chegou lá de madrugada. Dormiu na rodoviária e logo cedo pegou outro ônibus para a tal cidade. O caminho parecia uma eternidade, não chegava nunca. O poeirão da estrada, agora de terra, cobria a paisagem. Ela desembaçou os óculos e viu ao longe a cidadezinha. Quando desembarcou, um homem de quase dois metros de altura a aguardava na saída do ônibus.

- Dona Marisa Silveira de Camargo. Perguntou com sotaque alemão.

Ela fez sinal positivo com a cabeça e imediatamente ele a convidou para embarcar em uma caminhoneta branca. Viajou no meio da poeira no mínimo mais quatro horas. Dormiu, acordou, dormiu de novo e nada. O alemão não falou uma só palavra durante toda a viajem. No final de um corredor verde, cercado de mata dos dois lados ela visualizou pequenas casas, cobertas com capim seco. Iguais aquelas ocas de índios que a professora pedia pra gente colorir quando criança. E não é que eram índios que moravam ali. Os pequeninos corriam para dentro da mata quando o carro se aproximava. Os rostinhos curiosos pareciam perguntar:

- Quem será que está chegando?

Só ai ela compreendeu que o caminho chegara ao fim e ela já estava na tal fazenda. O homem gigante, a apresentou como a nova professora para sua esposa. Falava tudo em alemão. Marisa não entendia uma só palavra e começou a ficar preocupada, pois ainda não havia combinado o salário direito, quantos dias iria trabalhar. E as folgas, como ficariam as folgas. Em seguida, o candidato a patrão, começou a falar um português enrolado enquanto mostrava uma casinha caindo aos pedaços no meio da grande mata.

- Olha dona Marisa, ali está a nossa escola. Temos uns 25 alunos, a maioria são índios. E aquela será sua casa. Disse ele apontado para uma tapera localizada do outro lado do rio.

- Ele deve estar brincando comigo. Pensou a professora que naquela noite dormiu no quarto de empregada da sede da fazenda.

Dormiu que nada, parecia um zumbi, fritando na cama de um lado pro outro. Já era de madrugada quando ela resolveu usar o banheiro da casa. Foi na ponta dos pés para não acordar ninguém. Quando entrou, deu de cara com um baú rústico revestido de pedras coloridas numa pequena bancada de madeira. Ela não resistiu e abriu. Se deparou com pulseiras, colares e anéis, tudo de ouro, alem de muito dinheiro. Até pensou em pegar o baú e fugir dali. Mas sabia que não chegaria iria longe naquele fim de mundo. Não mexeu em nada.

Voltou para cama e nada de dormir. Resolveu tomar um copo de água. Foi até a cozinha e lá estava o baú encima da geladeira. Naquele momento percebeu que estava sendo testada pelos futuros patrões. Ali ela decidiu que ia pedir demissão mesmo antes de começar a trabalhar.

No café da manhã, o alemão, a esposa e os dois filhos do casal conversavam na bendita língua.

- Estão falando de mim. Tenho certeza. Pensava Marisa
- Bem dona Marisa, a senhora pode começar as aulas amanhã? Perguntou o homem.
- Não vou não senhor. Eu quero ir embora. Não vou ficar aqui. Não gostei deste lugar. Disse indignada

Depois de várias tentativas para convencê-la a ficar, ele desistiu de contratá-la . No percurso de volta para a cidadezinha, Marisa observava pela janela do automóvel, os indiozinhos que corriam para dentro da mata . Nos rostinhos assustados, ela percebeu a seguinte expressão.

- Oba! mais uma professora que se vai!

sábado, 4 de abril de 2009

Jantar a luz de velas para preservar o planeta


Natan é um garoto que adora desafios. Ao ouvir sobre a campanha mundial para desligar as luzes durante uma hora, convidou a mãe para ajudá-lo a preservar o planeta.

No ultimo dia 28 de março, Natan, o filho de 12 anos de Angelica lhe sugeriu para participar da campanha mundial criada pela Ong WWF para incentivar a preservação do meio ambiente. A mãe aceitou o desafio e no mesmo momento concordou em permanecer durante uma hora com todas as lâmpadas da casa apagadas e não utilizar nenhum aparelho eletrônico no período das 20:30h às 21:30h.


Angelica, sempre fora uma incentivadora de ações de preservação do planeta. Ela valorizava o cheiro da terra depois da chuva, o por do sol, as matas e rios. Ao se tornar mãe, procurou ensinar o filho a não jogar papel no chão, fazer a separação do lixo, não desperdiçar água e não deixa-la parada para evitar a dengue. Seria uma incoerência não participar da tal campanha.

Começava a entardecer quando ela percebeu a ansiedade do garoto.

- Mãe você já comprou as velas? Perguntou o menino.

-Não. Daqui a pouco vamos ao mercado comprar. Respondeu Angélica.

Assim que chegaram das compras, lá estava ele revirando tudo em busca de suportes para colocar as velas. Pegou todos os pires das xícaras de café, copinhos e taçinhas de licor, copos de sobremesa e começou a selar todas as velas do pacote. A mãe observava cuidadosamente cada passo do menino enquanto preparava o jantar.

- Mãe, que tal a gente fazer um jantar a luz de velas ? Perguntou Natan entusiasmado.

- Boa idéia. Mas só se você me ajudar!

Daqui a pouco lá estava ele ajudando a desfiar o frango, cortar cebola, mexer a panela. Na hora marcada, todas as lâmpadas foram apagadas. Geladeira, computador, televisão, tudo foi desligado da tomada. Neste momento as velas já estavam acesas. O menino escolheu a toalha mais bonita da casa e reservou à mesa um lugar para a mãe e outro para ele. Ao lado dos pratos, duas taças com uma garrafa de suco ao centro.

Durante o jantar conversaram sobre vários assuntos. Concentrado, o garoto parecia encantando com aquelas luzes iluminando o ambiente. Angélica por alguns minutos disfarçou para o olhar o relógio e conferir o horário da novela. Em seguida perguntou:

- Filho, será que o pessoal da rua apagou as luzes também?

- Não, só a gente! Mas não tem problema o que importa é a nossa consciência, né mãe!