quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quando o tempo passa e a gente não vê

Aceitar que não temos a mesma vitalidade de anos atrás não é uma tarefa simples, principalmente para quem tem uma vida cheia de aventuras.


Há tempos que Cristina estava se sentindo diferente. Acostumada a dar conta do trabalho na pequena pastelaria da família, na educação dos filhos e afazeres domésticos, a contadora por formação, não se conformava com as inúmeras dores que começara a sentir. Cada dia um incômodo. Bursite,começo de artitre, artrose, risco de osteoporose, além da infinidade de desajustes causados pelo início da menopausa.

Preocupadíssima com a saúde, decidiu procurar profissionais em busca das soluções dos problemas. Em todos, foi obrigada a escutar que depois dos 40 tem de ficar atenta com a alimentação, fazer atividades físicas, procurar não se estressar, entre outros conselhos.

Sem titubear, ela resolveu tomar atitude. Começou a acordar cedo para as caminhadas, mudou os hábitos alimentares e convenceu a família a comer produtos integrais. Tudo ia muito bem até o dia em que ela resolveu subir no pé de manga para colher as frutas já amarelinhas. Acostumada a fazer a peripécia, se surpreendeu quando não conseguiu escalar o tronco da grande árvore. Sem muitas opções, pegou uma escada e se embrenhou entre as folhas verdes.

E as “bandeiras de alerta” não paravam por ai. Certa vez, ela decidiu ir ao centro da cidade de ônibus. Ao adentrar no coletivo, viu que um jovem se levantou e lhe ofereceu o banco que estava sentado. De imediato, ela agradeceu a gentileza. Ao sentar se deparou com a inconveniente frase: “Assento reservado para idosos”.

Mas a gota d’ água que fez com que a ficha da contadora Cristina caísse de vez aconteceu no dia que sua filha Maria Lucia, de 23 anos a chamou no quarto, fechou a porta e disse:

- Mãe, preciso contar uma coisa muito séria.
- Fala minha filha. Respondeu a mãe sorrindo, achando que a garota iria contar que reprovou numa disciplina da faculdade, estorou o cartão de crédito, ou mesmo que terminara com o namoro que já durava 8 anos. Mas a coisa era bem mais séria do que ela pensava.

- É que você vai ser vovó.