quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A hortência e velha japonesa


Todos os dias era possível vê-la regando as pequenas mudas da flor as margens do lago; tudo para que as pessoas que passam pelo local também possam desfrutar da beleza daquelas flores

Quem costuma caminhar nas margens do lago Igapó I já deve ter percebido que há 300 metros da barragem existem vários pés de hortência, aquela flor com grandes cachos formados por pequenas florzinhas azuis. Me lembro da manhã em que vi uma velhinha japonesa com um pequeno regador aguando as pequenas plantas. Com uma paciência milenar, cada muda era regada cuidadosamente.

Com suas saias longas, lenço na cabeça coberto por um simples chapéu de palha, ela me chamou a atenção. Pensei em perguntar seu nome e o porque daquela ação. Mas desisti ao perceber a magnitude daquele momento. Era como se fosse um ritual, uma oração.

Tive o privilégio de presenciar esta cena por vários dias. E hoje , ao passar por aquele local e ver a formosura daquelas flores fico refletindo sobre a atitude daquela mulher que não se privou de dividir com os outros aquela beleza, proporcionando uma alegria interior que só se vislumbra na presença das flores.

Em um momento em que o individualismo, o medo e a insegurança tomam contam da vida urbana, se deparar com atitudes como esta, que exigem a iniciativa, coragem e disciplina para realizar uma ação em prol do coletivo, é, no mínimo, louvável e nos serve como uma lição maior, encabeçada pelo sentimento mais soberano da humanidade: o amor.

Oxalá, podermos ver a cada dia mais ações semelhantes a esta. Presenciar mais sorrisos do que lágrimas, alegrias ao invés de tristezas, mais humildade do que arrogância, mais saúde do que doenças. Que a solidão seja substituída pela amizade, a violência pela paz, o ódio pelo amor.

Estas ações e sentimentos só passam a ter importância em nossas vidas quando percebemos o valor das pequenas coisas ao nosso redor, como por exemplo presenciar uma velhinha japonesa aguando os pequenos pés de hortência na beira do lago.

Um comentário:

Júlio Gobis disse...

Bela Crônica Professora.... são nos simples gestos que percebemos que ainda existem pessoas maravilhosas no mundo, e que o AMOR ainda existe......e que apesar da correria do dia a dia existem pessoas que se preocupam com a natureza e com a beleza que Deus nos deixou que é tudo de bom para nós ...
Abraços.....