Foram noites inteiras marcadas por diálogos profundos aquecidos por fogueiras e violões. Nos acampamentos no pé das serras, mergulhamos nas águas profundas das cachoeiras, lagos serenos que refletem nossa triste ou feliz imagem. Forasteiros na beira da estrada esperando a carona que nos levar para bem longe da rotina urbana que nos sufocava , agredindo nossa alma e aumentando nossa perplexidade.
O azul celeste nos remetia a sensação de estar vivos, sentíamos e sabíamos que existia algo além. Avessos a toda religião, misturamos os conceitos e por isso era melhor nem pensar em Deus. Afinal, minhas escolhas já revelam que estou fora do caminho, pensava...
E assim fui caminhando. O tempo passou rapidamente. A faculdade deixou de ser um sonho e após muitas tentativas acreditava ter acertado na escolha do parceiro. O amor enfim chegou parecendo firme como uma rocha. Queria me casar e ser feliz. O nascimento dos filhos marcaram um nova era. Agora não era só eu, existem mais uma, duas, três, quatro vidas que dependem de mim.
A maturidade e a responsabilidade ajudam a nos aproximar de Deus. Quando percebemos que, por mais que fizermos por nossos filhos, nunca será suficiente para protegê-los da violência urbana e espiritual exergamos nossa limitação e a necessidade emergente de entregá-los nas mãos de um ser maior onipresente e onisciente.
Assim fiz. Hoje coloco os meus joelhos no chão todas as manhãs clamando a proteção de Jesus para meus filhos e quando eles batem o portão para ir a escola, ao shopping ou na balada como os amigos, sei que não estão sozinhos e mesmo que, amanhã eu não esteja mais aqui para protegê-los, o Criador os acompanhará para sempre onde quer que eles estejam
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